quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Sobre o que eu não venho dizendo



Eu sou o filho que eu penso que sou?
Eu sou o amigo que eu penso que sou?
Eu sou o homem que eu quero ser?
Eu estou aqui pela minha sanidade, eu estou aqui por você
Eu estou aqui pela sua fantasia-sanidade, eu sempre estou aqui por você.
                                                                                                               Sim, eu estou.



      Quando as palavras te fizerem mal, use-as como lenha e deixe-nas queimarem.

                 Deixe-nas queimarem.

      Por baixo de cada palavra, existe um coração partido.
      E com ou sem palavras, nós tentamos perdoar.


"É engraçado estar aqui de novo"

Foi o que eu pensei naquela instante, ao menos, foi o que eu deveria ter pensado. Já não consigo recordar com clareza se meus pensamentos estavam ritmados e cadenciados então.
Eu tenho muitas coisas a dizer. Coisas coloridas e monocromáticas, leves e duras. Coisas.
Mas acho que te ajudo mais com meu silêncio, talvez ele seja o que há de melhor em mim.
Acontece que na minha vontade de silenciar, eu falo, mesmo que pras paredes. Conto pra elas cada estória que eu já ouvi. Existem lobos nas minhas estórias, princesas abandonadas em florestas por criados solidários demais pra arrancar-lhes o coração. Existe sangue nas minhas estórias.
Existe sangue em todos os lugares pra onde eu olho e eu me espanto, mas eu sei... não deveria me espantar, porque também tem sangue demais dentro de mim.
Todas as palavras que eu quis dizer e não disse ficaram abandonadas em silêncio no meio de uma ou duas notas musicais. Irônico, não?

Eu procuro por um paz que não encontrei em nenhum pouso, em nenhum olhar, em nenhuma bebida. Ou já encontrei. Mas é tormenta fingindo ser paz, é a calmaria que precede uma onda gigante, é um lobo com olhos em chamas passando-se por animal guardião. Minha paz e minha tormenta são dois lados opostos da mesma moeda.
Porque gravitar de dia ao redor da paz, é aceitar um pouco de tormenta a noite.
Bem vindas noites de insônia, pesadelos e desvarios!
E rejeitar a paz é perder o vazio. É secar. É não mais florescer.
Cortar os espinhos não seria uma maneira de matar o que há de mais selvagem e inato da flor? Não é da sua natureza ser arisca. A beleza é arisca como os segredos do mar.

Eu acho que me perdi no caminho de volta pra casa e agora minha sina vai ser essa de viver sempre no "entre", se fossem "entrelinhas" seria fácil, mas parece se tratar de "entre caminhos", Não ser absolutamente um todo, não ter vontade de ser completo, mas ir errando pelos caminhos, ir sedenta por meio deles.
Eu poderia falar coisas bonitas. Não tá oco aqui dentro, tem beleza vazando pelos poros, mas eu temo que a esperança que gera essa beleza acabasse se exaurindo mais hora ou menos hora. Tenho medo que o manancial de palavras seque, chego a pensar que já estive perto disso, mas consegui recuar um passo do precípicio. Recuar um passo do precípicio do silêncio.
Que me condenaria ao mais mortal dos silêncios: O silêncio de quem cala não por vontade ou necessidade, mas sim porque não tem mais o que dizer.
E eu te juro, tenho muito mesmo a dizer. Palavras elegantes e vulgares. Sujas, vermelhas, cheirando a canela e naftalina. Mas eu não quero. Não quero gastar o que não me é dado perder, não quero perder o que me salva do abismo. É o abismo mora perto, perto desses amores moedas com cara-tormenta e coroa-paz.
Eu não pratico mais esses jogos. Eu tento me aquecer por dentro das palavras do que queimar em praça púbica. Aqui existe um lugar onde as coisas aquecem ao invés de queimar. É bom guardar isso, é bom levar isso.

Muita coisa não vai ser dita, porque não precisa ser, porque não é necessário, porque a lua não quer e porque ela jamais contaria as verdades e mentiras que contei a ela. Ela não diria a ninguém. Ela não me sabotaria contando pra todo mundo sobre as mentiras que inventei pra dormir bem e pra sonhar com coisas verdes ou dormir pesado sem monstros me levando pra passear. Ela não diria uma palavra sobre os dias de chuva. Acima de tudo, ela guardaria pra ela os dias de chuva.
 Eu não quero matar, mas eu venho buscando o ódio como uma caçadora implacável, eu não quero fugir da minha zona de conforto e não quero ferir ninguém com o que me foi ferido, o que me foi ferido não é motivo pra levantar a espada contra inocentes.

Me proteger dos olhos dela e de seu veneno ingênuo, me proteger das inverdades e e não deixar ruir a fortaleza de pedras que construí ao redor da Ilha dos sonhos, são as coisas que peço quando fecho os olhos. Quando eu fecho os olhos, eu procuro o ódio em jardins de amor. Mas eu não quero todo este amargo-doce-azedo-fétido da vida. Eu quero ser livre pra escolher sempre uma moeda com dois lados de paz, pra não dar chance ao azar, pro azar não me encontrar. Só terá leveza aqui quando dissiparem-se as sombras.

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